Aula com o Professor Jean-Jacques Kourliandsky
Convidamos todos(as) vocês a participar, no dia 17/09 (próxima terça-feira), das 19h às 21h, no NAP (sala 03-04, 1º piso), na aula que será ministrada pelo professor Prof. Jean-Jacques Kourliandsky.
O especialista em análise conjuntural geopolítica da América Latina e Caribe graduou-se em Ciências Políticas e doutorou-se em História. Atua como pesquisador no IRIS – Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (América Latina e Espanha), é diretor do “Observatório da América Latina” e atua como consultor junto às Fundações “Friedrich Ebert” e “Jean Jaurès”, responsável pela cobertura da política e cultura da América Latina. É autor dos livros “Amérique Latine: Insubordinations émergentes” (2014) e “Progressisme et Démocracie em Amérique Latine”, publicado em 2022 pela Editora L’aube, Paris-França.
No âmbito da parceria com o Laboratório de Estudos da Leitura (LIRE-PPGL/UFSCar) e com o Laboratório de Estudos do Discurso (LABOR – PPGL/UFSCar), o professor Kourliandsky ministrará essa aula no âmbito da disciplina de Tópicos Avançados em Linguagem e Discurso. A aula será ministrada em espanhol sobre o tema “Discurso e silenciamento: O Haiti na memória histórica francesa”.
Resumo da Disciplina
O Haiti de fato não existe no discurso público francês. Aparece pouco nos debates parlamentares assim como nas declarações do governo. Simplesmente, não figura nos programas escolares dos estudantes franceses. Trata-se de um país com uma realidade episódica, delimitada por sua assimetria estrutural, do qual se tem notícia, de forma repentina, quando de algum acontecimento trágico, seja natural (terremoto, ciclone), seja humano (golpe, assassinato de um dirigente político, sequestros, desordens, criminalidade). Depois do terremoto de 2010, a preocupação primeira, espontânea, que ocupou as declarações públicas dos deputados franceses foi o porvir das adoções de crianças por famílias francesas, processo suspenso por um acidente da natureza. O Haiti, com outro nome, Saint Domingue, foi colônia francesa, e fonte de muita riqueza, não sem razão conhecida, no século XVIII, como a “pérola das Antilhas”. Apesar de uma história conflitual, outras colônias francesas têm presença nos livros escolares, como na imprensa ou nos debates políticos (Argélia, por exemplo). O Haiti, ou seja, Saint Domingue, foi apagada da memória coletiva francesa. De 1804 a 2024, só um presidente francês visitou o Haiti em 2015. Essa ausência, problemática, exige uma explicação, que só se pode entender por sua contradição com elementos fortes da mitologia nacional: uma independência conquistada por escravizados na luta contra soldados franceses, que, todavia, ainda hoje, são considerados os melhores de sua época (“les grognards” de Napoleão Bonaparte); uma independência conquistada por escravizados contra um dirigente que, todavia, ainda hoje, é objeto de honrarias e de reconhecimento nacional (Napoleão Bonaparte); uma independência conquistada em nome dos valores da Revolução francesa, das Luzes, contra um governo (o consulado herdeiro institucional da Revolução) que pretendia restaurar a escravidão; uma independência que o Haiti teve de pagar por ela durante um século, depois de firmar uma dívida com o Estado Real francês, em 1825, como forma de “indenizar” os antigos fazendeiros franceses, condição para só assim reconhecer sua soberania.
Os que realizarem a disciplina como alunos do PPGL matriculados poderão somar 2 créditos. Aqueles que assistirem como ouvintes, sem a realização da matrícula no PPGL, receberão certificado como ouvinte.
Tanto a matrícula na disciplina (para alunos do PPGL que ainda não cursaram esta disciplina “Tópicos Avançados em LD I”), quanto a inscrição como ouvinte, ambas serão realizadas por meio de preenchimento de Lista de Presença que circulará no dia da aula.
Qualquer dúvida, entrar em contato pelo e-mail luzmara_curcino@ufscar.br